Pesquisa divulgada nesta terça-feira (8) pela Kantar Worldpanel mostra que em 2012 a renda das famílias brasileiras cresceu mais que o gasto médio. O estudo mostra, entretanto, que em 51% dos lares o gasto mensal superou a renda média do mesmo período. Em 2011, esse percentual ficou em 52%.
Segundo o levantamento, a renda média superou o gasto médio em 2%. De acordo com o estudo, a renda média mensal nacional em 2012 foi de R$ 2.603, alta de 9,7% ante 2011. Já o gasto médio subiu 8,1%, para R$ 2.542. Em 2011, a relação renda versus gasto tinha ficado em 1%.
Este foi o segundo ano consecutivo de crescimento maior da renda que do gasto médio, segundo a pesquisa. Em 2010, o gasto médio superou a renda em 1%.
Diferenças por classe social
Segundo o levantamento, na classe DE o gasto médio aumentou 11% ante 2011, enquanto que a renda subiu 7%.
Na classe AB, a renda média cresceu 10% e o gasto médio 9%. Já na classe C, a renda aumentou 11% e o gasto 6%.
“Quando se verifica lar a lar, apesar desse salto positivo na média nacional, temos 51% das famílias gastanto mais do que ganham”, disse Christine Pereira, diretora comercial da Kantar. “Quem ficou com o bolso mais comprometido no ano de 2012 foi a classe C/D.”
Kantar Worldpanel aponta que na classe DE alta de gastos superou alta da renda (Foto: Darlan Alvarenga/G1)
A Kantar Worldpanel pesquisou 8.200 lares do país para traçar a situação do consumo no Brasil. Segundo a pesquia, as categorias que tiveram o maior crescimento na carteira de gastos da família foram, pela ordem: alimentação e bebida, transporte, vestuário, educação (que aparece pela primeira vez no top 5) e serviços financeiros.
“O consumidor está mais consciente. Observamos um maior equilíbrio no bolso do brasileiro”, avalioua diretora.
A diretora de contas Margareth Utimura explicou, porém, que são grandes as diferenças regionais. No Rio de Janeiro, por exemplo, o gasto médio supera a renda média supera em 11%. “Já no interior de São Paulo, essa relação renda versus gasto é de +11% e na Grande São Paulo perto de zero”, disse.
A Kantar prevê que o percentual de famílias com gasto superior à renda deve se manter estável em 2013. “Vai ter uma manutenção no endividamento, não um aumento. O brasileiro está ganhando mais e gastando mais. Continua com sede de consumo, mas por outro lado o bolso da classe C já esticou onde dava para esticar”, avaliou Margareth.
Segundo o levantamento, as vendas dos produtos não-duráveis cresceram 2% no 1º semestre deste ano em volume e 10% em valor. Para 2014, o instituto estima que as vendas dos produtos não-duráveis devem crescer de 2% a 3% em volume e 10% em valor.
Supérfluos viram item básico para classes D e E
A pesquisa aponta ainda que as famílias das classes D e E ampliaram a sua cesta de produtos de consumo básico. Entre os itens que deixaram de ser supérfluos nestes lares estão creme de leite, extrato de tomate, cereal, tempero, absorvente higiênico, cremes e loções e maionese.
Segundo o estudo os próximos alvos da cesta de consumo básico das famílias de baixa renda são: requeijão, catchup, cerveja, sobremesa em pó e suco pronto.