25 jun 2021

Número de microempreendedores cresce em Santa Catarina

O setor de comércio e serviços de Santa Catarina é sinônimo para a palavra reinventar. Nesse último ano e meio, foi um processo de descobertas e transformações para se manter ativo no mercado e sem grandes perdas. Considerado uma das grandes forças, o setor de comércio e serviços é responsável por 53,4% do PIB do estado. São mais de 686 mil empresas, que geram 55% dos empregos catarinenses.

 

Uma das principais ações que permitiu o setor se manter ativo foi a migração para um modelo híbrido, trabalhando não mais apenas com o modelo presencial, mas investindo no on-line. De acordo com dados da Pesquisa Mensal do Comércio, divulgados pelo IBGE no início de 2021, o estado fechou 2020 com aumento de 5,6% nas vendas do comércio.

 

“A exploração de novos canais de venda, voltados para o e-commerce e o delivery, sem dúvida, fizeram toda a diferença, para que mesmo em um cenário tão adverso, o comércio do estado pudesse se manter forte e, em alguns momentos e segmentos mais específicos, até mesmo apresentar crescimento”, reflete o gerente comercial da FCDL/SC, Valdemir Manoel da Silva.

 

O modelo de negócio que predomina em Santa Catarina hoje é o micro e pequeno empreendedor. De acordo com dados do Sebrae/SC, são mais de 500 mil micro e pequenas empresas, que geram mais de 1 milhão de empregos diretos. Valdemir explica que, por ser um modelo de negócio enxuto e que, normalmente é gerido pela própria família, foi possível evitar grandes números de demissões. Ele também destaca que houve uma significativa mudança no perfil consumidor durante a pandemia.

 

— Talvez os maiores impactos tenham sido na mudança do consumo, com muito mais gastos em alimentos e material de limpeza e higiene, e menos em lazer e eventos, e também houve uma importante mudança no perfil do uso crédito pelo consumidor, que apresentou queda da inadimplência em consequência da quitação das dívidas com uso do dinheiro dos auxílios emergência e saques de FGTS, bem como pelo aumento das compras a vista e com cartão de crédito, que a forma mais utilizada no e-commerce e no delivery. Isso causou uma redução no uso do crediário — explica Valdemir.

 

Comércio digital é uma realidade

 

Os formatos de venda on-line vinham buscando espaço aos poucos no comércio catarinense. Com a necessidade de movimentação na pandemia, foi necessário uma mudança mais brusca quanto a adaptação a um sistema de vendas on-line. Comerciantes passaram a desenvolver não apenas sites para vendas, mas criar um formato de atendimento via aplicativo de whatsapp.

 

— Infelizmente, poucos negócios estavam preparados para as vendas on-line, por mais que tudo indicasse essa necessidade ao longo dos últimos anos. Então, podemos dizer que o processo foi quase traumático para a maioria dos empreendedores do comércio em Santa Catarina. Mas, a boa notícia, é que em um curto espaço de tempo surgiram inúmeras soluções, marketplaces, aplicativos e outros que permitiram, mesmo aos menores negócios, entrar no comércio eletrônico com relativo sucesso. Além disso, a criatividade nata do brasileiro e a tendência natural do ser humano em buscar soluções em momentos de crise, transformaram, por exemplo, as redes sociais e os aplicativos de mensagem como o WhatsApp, em verdadeiros canais de venda, com muito sucesso, na verdade com resultado muito acima das expectativas — enaltece Valdemir.

 

As vendas on-line foram a maneira adotada pelo comerciante e prestador de serviço para se manter ativo, evitando assim, danos maiores à economia do setor.

 

Cresce número de empreendedores no Estado

 

Com novas ideias para se sobressair no mercado ou a necessidade de encontrar um sustento em meio à crise, o ano de 2021 iniciou com aumento na abertura de pequenas e microempresas. De acordo com dados da FCDL/SC, só nos cinco primeiros meses do ano já foram abertas mais de 14 mil microempresas em Santa Catarina.

 

Uma característica encontrada nos negócios que surgiram em meio a pandemia é relacionado, principalmente, à falta de estrutura e experiência no quesito gestão e promoção. Buscando incentivar os novos empreendedores, a Federação das CDLs tem desenvolvido cursos e treinamentos.

— Para auxiliar os novos empreendedores, as entidades empresariais exercem um papel importante, pois via de regra oferecem uma série de soluções, capacitações e treinamentos para que possam estar preparados para enfrentar os desafios da vida empresarial que antes era desconhecido para eles — avalia Valdemir.

 

A expectativa é de crescimento para o setor. Com todas as mudanças do último ano, Valdemir relata a possibilidade de um dos maiores crescimentos sistemáticos no setor de varejo, mas frisa que para isso acontecer, o empreendedor precisa estar preparado.

 

— Quem não se reinventar não terá mais espaço no mercado atual. A onda avassaladora do comércio eletrônico que por tantas vezes ensaiou sua dominância no mercado, desta vez veio para ficar. O consumidor que ainda não havia experimentado esta forma de compras de bens e serviços, foi levado pela necessidade e agora não vai mais voltar à forma antiga de consumir. Isso quer dizer que o comércio tradicional vai acabar, que não haverá mais lojas de rua? Não, o que vai acontecer é que um novo modelo, híbrido, com vendas on-line em diversos canais e um atendimento humanizado e presencial vão se completar e serão o novo jeito de vender e comprar — finaliza.

 

Fonte: G1 Santa Catarina