Resultados diferenciados e fechamento de postos de trabalho marcaram o ano. Foto: Divulgação
Pesquisa realizada pela equipe da Rede Bancários, do Dieese mostra que em 2013, os seis maiores bancos do país apresentaram resultados bem distintos, decorrentes de estratégias de negócios diferenciadas. Os bancos públicos deram prosseguimento à expansão de suas carteiras de crédito e obtiveram crescimento dos lucros e da rentabilidade. Os bancos privados nacionais Bradesco e Itaú apresentaram bons resultados, embora tenham tido pouca expansão ou manutenção das operações de crédito e da rentabilidade. Já os dois bancos privados estrangeiros, Santander e HSBC, tiveram queda nos lucros e na rentabilidade e ligeiro incremento da carteira de crédito. A despeito dessas diferenças, os bancos brasileiros continuam sendo um dos segmentos empresariais mais rentáveis do país e do mundo.
Diante de um cenário econômico caracterizado pela elevação das taxas de juros, pelas incertezas na economia mundial e pela redução no ritmo da atividade econômica no país, os grandes bancos adotaram estratégias bem diferenciadas. Os bancos públicos continuaram sustentando a oferta de crédito e, no caso da Caixa, o nível de emprego. Os bancos privados nacionais, tradicionalmente mais conservadores na atuação, contiveram a expansão do crédito, promoveram ajustes nos custos via redução de postos de trabalho e reverteram as elevadas provisões realizadas em 2012. Com isso, obtiveram bons resultados em relação aos lucros. Já os bancos privados estrangeiros, dada a maior dependência em relação ao cenário externo, recorreram basicamente à redução de custos via cortes de postos de trabalho e redução da rede de atendimento, mas não conseguiram evitar expressivas reduções nos lucros. Em comum, todos os bancos aumentaram as receitas secundárias para expandir os lucros e compensar o aumento do custo de captação de recursos decorrente da elevação na taxa Selic ao longo de 2013. Nos bancos privados, intensificou-se o fechamento de postos de trabalho. Entre os bancos públicos, o Banco do Brasil também seguiu essa tendência e a Caixa Econômica Federal manteve forte geração de postos de trabalho.
Os números dos gigantes do sistema financeiro nacional
O total de ativos dos seis maiores bancos em atividade no Brasil atingiu, em 2013, o montante de R$ 4,8 trilhões, com evolução de 11,6% em relação a 2012. Um dos destaques de 2013 foi o crescimento de 22,0% no ativo da Caixa Econômica, que chegou a um montante de R$ 858,3 bilhões. O capital próprio dessas instituições (patrimônio líquido) cresceu 8,5% em 12 meses, atingindo um volume de R$ 315,0 bilhões, em 2013. No Banco do Brasil, houve crescimento de 17,4% no patrimônio líquido, que atingiu R$2,2 bilhões.
Os demais itens de resultados, como as operações de crédito e receitas com prestação de serviços e tarifas cresceram, respectivamente, 18% e 13,5% no ano. Em relação à oferta de crédito, destaca-se novamente a atuação da Caixa e do Banco do Brasil. As operações de crédito dos dois bancos cresceram, em média, 26%. Juntas, as duas instituições financeiras responderam, em 2013, por 48,1% do total das operações de crédito dos seis maiores bancos. Nos bancos privados nacionais (Bradesco e Itaú), o crescimento foi de 12,3%, enquanto nos privados estrangeiros (Santander e HSBC), a carteira de crédito cresceu 8,9%.
Apesar do crescimento da carteira de crédito, o resultado bruto da intermediação financeira apresentou queda média de 7,5%. As razões para a queda no resultado bruto da intermediação financeira foram diferentes em cada banco. No Banco do Brasil, no Santander e na Caixa, a queda decorreu de um aumento mais pronunciado das despesas de intermediação do que das receitas. No Itaú Unibanco e no HSBC, houve redução nas receitas e nas despesas de intermediação e, no Bradesco, queda nas receitas, mas
ligeiro incremento das receitas de intermediação.
O destaque no ano foi o Itaú, com lucro líquido de R$ 15,8 bilhões, alta de 12,8%. Esse é o maior lucro obtido por um banco na história do sistema financeiro nacional e é a segunda vez que o Itaú atinge essa marca. A primeira foi em 2011, quando o banco lucrou R$ 14,6 bilhões. Tal resultado deve-se ao crescimento das receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias e à
significativa reversão das despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD) constituídas em 2012.
O Banco do Brasil apresentou o maior crescimento do lucro líquido, com alta de 29,1%, passando de R$ 12,2 bilhões para R$ 15,7 bilhões. Contudo, parte desse resultado se deve a um item extraordinário do balanço do 1º semestre de 2013, quando a instituição obteve R$ 9,8 bilhões com a venda de ações da BB Seguridade, conforme informações constantes no balanço de 2013.
Os dois bancos estrangeiros, Santander e HSBC, registraram queda no lucro líquido de 9,7% e 66,4%, respectivamente. Esses resultados negativos afetam a análise global do desempenho dos bancos, pois reduzem as médias dos principais indicadores. Por isso, cabe segmentar a análise entre bancos públicos, bancos privados nacionais e bancos privados estrangeiros para que se tenha uma compreensão mais exata do desempenho dos grandes bancos em 2013.
Os bancos privados nacionais obtiveram lucro de R$ 28 bilhões, com crescimento de 9,7%, entre 2012 e 2013. Os bancos públicos viram seus lucros crescer 26,0% no período, atingindo um montante de R$ 22,4 bilhões, em 2013. Os resultados dos bancos privados estrangeiros, por fim, mostram queda de 18,5% no lucro líquido, que totalizou R$ 6,1 bilhões em 2013.
A rentabilidade média sobre o patrimônio líquido dos seis bancos apresentou queda de 1,0 p.p., ficando em 18%. Entretanto, ao se desagregar os dados por segmento, os resultados são bem diferentes. Os bancos públicos foram os mais rentáveis em 2013, com rentabilidade média de 22,6% e crescimento de 1,7 p.p. A rentabilidade dos bancos privados nacionais aumentou menos (0,7 p.p.) e ficou em 18,5%. Já os bancos estrangeiros, diante da queda nos lucros, tiveram a rentabilidade média reduzida em 2,8 p.p., passando de 12,5%, em 2012, para 9,7%, em 2013.
Inadimplência recua e bancos revertem provisões
Em 2012, os bancos, alegando alto risco nas operações de crédito e elevação na inadimplência, aumentaram significativamente as provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD), a despeito das taxas de inadimplência para atrasos superiores a 90 dias terem se mantido baixas ou estáveis naquele ano. No decorrer de 2013, as taxas de inadimplência se reduziram aos patamares mais baixos já observados. Diante disso, vários bancos reverteram as provisões. No Itaú, que em 2012 teve as provisões mais elevadas do sistema, houve redução da PDD em 23,3%.
Na Caixa e no Banco do Brasil, não houve redução na PDD, tendo em vista o expressivo crescimento das carteiras de crédito. Nesses dois bancos, o crescimento da PDD foi compatível com a expansão da carteira de crédito. O HSBC, por sua vez, aumentou as provisões, embora tenha tido queda na inadimplência e crescimento modesto da carteira de crédito.
Receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias continuam crescendo
As receitas de prestação de serviços e cobrança de tarifas, consideradas secundárias, continuaram crescendo no período, embora em ritmos diferentes em cada um dos seis grandes bancos. Essas receitas somaram R$ 96,4 bilhões em 2013 e registraram crescimento total de 13,5%. Os bancos que tiveram maior crescimento nesta receita secundária foram Itaú Unibanco (18,5%),
Caixa (14,5%) e Bradesco (14%).
Cobertura das Despesas de Pessoal
A cobertura média das despesas de pessoal pelas receitas com prestação de serviços e tarifas dos bancos cresceu 4,4 p.p., passando de 123,6% para 128%. Isso significa que os bancos cobriram as despesas de pessoal com receitas secundárias e ainda tiveram um excedente equivalente a 28% dessas despesas em 2013. Os resultados por banco mostram queda na cobertura no Banco do Brasil (-0,7 p.p.), na Caixa Econômica Federal (-2,9 p.p.) e no HSBC (-5,7 p.p.). Nesses casos, as despesas de pessoal
cresceram mais que a receita de prestação de serviços e tarifas. O banco com o maior crescimento nesse indicador foi o Santander, onde o percentual de cobertura foi de 147,4%, com crescimento de 14,7 p.p. em relação a 2012.
Redução dos postos de trabalho
O número de trabalhadores nos seis grandes bancos do país teve queda de 1,5% em 12 meses, passando de 477.345, em dezembro de 2012, para 470.034, em dezembro de 2013, com redução de 7.311 postos de trabalho. A redução no nível de emprego só não foi maior porque houve expressiva criação de postos na Caixa, que contratou 5.272 novos empregados. Os demais bancos fecharam postos de trabalho.
O Santander foi o banco que fechou o maior número de postos de trabalho no ano (- 4.371), seguido pelo Bradesco (-2.896), Itaú Unibanco (-2.734), Banco do Brasil (-1.966) e HSBC (-616). Juntos, os cinco bancos eliminaram 12.583 postos de trabalho em 2013. Em comparação a 2012, quando foram fechados 3.087 postos de trabalho, observa-se uma piora no nível de emprego nos seis maiores bancos.
(Fonte: Dieese)
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