Preparar uma atraente vitrine de Natal, ter uma equipe preparada e otimista, saber gerir melhor o seu estoque para evitar encalhes e agir positivamente. Afinal, o fim de ano continua sendo o período mais aguardado pelos varejistas. Especialistas na área apontam leve mudança na postura do consumidor, que se encontra mais à vontade para investir nas compras deste Natal, acarretando expectativa de aumento de 2,6% nas vendas, com uma curva ascendente nos dias 22, 23 e 24 de dezembro. Vale ressaltar que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em setembro indicou variação mensal de 0,08% e anual de 8,47%, abaixo do acumulado em agosto, que foi de 8,97%.
Na preferência do consumidor, os presentes elencados pelo time de profissionais consultados levam às novidades do mundo eletrônico. Estão em primeira posição os smartphones, os tablets e os notebooks. Mesmo quem já os possui aproveita a chance para trocá-los por modelos recém-lançados, presenteando a si próprios ou às pessoas no âmbito familiar. É importante ressaltar a correspondência entre a qualidade dos presentes em contraponto à quantidade, dependendo da classe social-econômica à qual pertençam. Para uns, este será o Natal das lembrancinhas enquanto os mais abastados investem em produtos de valor. Especialistas dizem que quem gastou R$ 50 em um presente no Natal passado, este ano gastará R$ 80.
Na sequência dos favoritos, estarão nos brilhantes embrulhos natalinos os perfumes e as roupas, destinados a pessoas conhecidas e próximas, das quais se conhece o estilo e as preferências. Os livros aparecem na quarta posição, seguidos pelos vinhos. São ambos objetos mais fáceis de comprar e sem grandes riscos para agradar, sendo que os primeiros podem vir na forma de vale-livro ou com chance de serem trocados. Participam do debate os seguintes especialistas, palestrantes e consultores em varejo: Fred Alecrim, de 43 anos, nascido em Recife (PE) e residente em Natal (RN), autor de livros para o segmento; o publicitário mineiro Fred Rocha, 40 anos, nascido em Montes Claros e morador de Belo Horizonte, também escritor; e Sandro Santos Alves, de 56 anos, nascido em Caravelas (BA) e residente em Nova Friburgo (RJ). E, como o Natal significa um ritual de alegres brindes, convidamos também o especialista e consultor em bebidas Cesar Adames, de 50 anos, gaúcho de Porto Alegre e residente em São Paulo. E atenção: há dicas preciosas para os varejistas.
Luz no horizonte
A avaliação otimista permeia as palestras do pernambucano Frederico Alecrim, que percebe, embora de maneira tímida, o retorno da confiança do consumidor, depois de um período de turbulência. “Lá no horizonte, já existe uma luz mostrando que a situação tende a melhorar”, sinaliza. Essa perspectiva significa que o cliente pode investir mais nos presentes deste Natal em comparação ao ano passado.
Para ele, os equipamentos tecnológicos estarão no topo da preferência de consumo. Smartphones, tablets e notebooks revelam-se uma necessidade não só para a vida pessoal, mas também para as empresas. “São itens que fazem parte da vida do consumidor, são presentes tanto para si mesmo quanto para as pessoas queridas”, aposta. Fred concorda que não haverá aumento significativo de gastos neste Natal, porque existe uma constante preocupação do consumidor com o próprio orçamento e com o fato de não querer entrar em 2017 com dívidas.
O consultor aponta que perfumes, roupas e livros completam a lista de presentes preferidos. Os primeiros serão trocados entre pessoas próximas e conhecidas, já os livros são objetos atemporais e boas escolhas para agradar ao presenteado. “Acredito que há mais procura por conhecimento”, diz ele, que destaca aumento no consumo de e-books, mais baratos do que o livro impresso.
Vai se sair bem neste período o varejista que pensar e agir de modo positivo”. Isso não significa negar os tempos de crise, mas comprar melhor, gerir de maneira profissional o estoque e cuidar mais da equipe, além de estar próximo do cliente e conhecer o que ele precisa e o que pode pagar. Para tanto, o especialista elaborou o código GPS: gente, processos e sistema. “Gente bem-treinada, bem-remunerada e bem-tratada é fundamental”, orienta. O varejista deve adotar processos para facilitar a vida do consumidor, tornando os atos de comprar e de trocar menos complicados. Por último, um sistema de dados e de metas vai nortear todo o negócio e a equipe.
Se o dono do negócio está pessimista e não acredita que este será um Natal melhor, ele vai desanimar toda a sua equipe e influenciar os resultados do comércio.” O varejista que preserva essa postura não vai atrás de novos fornecedores, de prazo maior, de produto novo a preço acessível. Fazer uma boa vitrine com itens bons e oferecidos por uma equipe treinada e alto astral vai reverter em venda. O consumidor, por outro lado, busca um estabelecimento que lhe transmita segurança, um local onde ele não se decepcione. Assim, a fidelização do cliente tem mais chances de se concretizar.
“Fazer estoque é um quesito delicado, porque sempre representa um risco. Comprar bem é fundamental. Se o volume for maior do que a demanda, pode encalhar e, se for menor, o varejista vai deixar de vender por não ter produto. É necessário uma gestão do estoque, fazer um histórico dos anos anteriores, buscar números e expectativa de vendas, enfim, fazer uma preparação para poder mobilizar o capital necessário, sem prejudicar o fluxo de caixa”,