Carlos Rodolfo Schneider*
Em meados do ano passado a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) previu que em 2013 a Colômbia cresceria 4%, o Suriname 4,5%, o Chile 4,6%, a Guiana 4,8%, a Nicarágua 5%, a Bolívia 5,5%, o Peru 5,9%, o Panamá 7,5%, o Paraguai 12,5% e o Brasil, no máximo, 2,5%. Crescemos 2,3%.
Dados da Organização Mundial do Comércio (OMC) mostram que de 1978 para cá, a participação da China no comércio internacional passou de 1% para 10%, enquanto o Brasil ficou estagnado em 1,5%. Pesquisa do Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial (Iedi) sobre a evolução do comércio do Brasil e da China, com três blocos econômicos, no período 2008/2012, constatou que as nossas vendas aumentaram 1,9% contra 47,6% da China: (-) 0,9% x 41,3% no Nafta, 4,3% x 115,6% na Aladi e 4,6% x 74,6% no Mercosul.
Na raiz dessa perda de desempenho está a crescente deterioração da capacidade de competir da economia brasileira. Estudo recente do Boston Consulting Group sobre a competitividade da produção de 25 nações, que somam 90% da oferta global de manufaturados, a partir da evolução dos salários, custos de energia, produtividade e variações cambiais, nos últimos 10 anos, apontou o Brasil entre os países que mais regrediram. Sem considerar outros graves problemas que temos, como elevada carga tributária, estrutura tributária caótica, infraestrutura precária, serviços públicos de baixa qualidade e excesso de burocracia e de corrupção. No período avaliado, no Brasil, o câmbio valorizou 20%, os salários na indústria cresceram 100%, o custo da eletricidade aumentou 90% e o do gás 60%. Por outro lado, a produtividade cresceu apenas 3%, contra a média de 27% dos países pesquisados. Fomos classificados como um dos países mais caros para produzir: considerando os EUA como base 100, no Brasil o custo de manufatura é de 123, acima não só de países emergentes como Rússia (99), Taiwan (97), China (96), Tailândia e México (91), Índia (87) e Indonésia (83), mas também de países desenvolvidos como Alemanha (121), Canadá (115), Japão (111), Espanha (109) e Coréia do Sul (102). Enquanto Brasil e China, por exemplo, estão sob pressão pelo forte aumento nos custos de produção, EUA e México estão melhorando a sua competitividade por uma contenção ou redução de custos. O estudo aponta a necessidade premente de aumento da produtividade no Brasil.
Antonio Delfim Netto, ex-ministro e apoiador do Movimento Brasil Eficiente – MBE, alerta que o aumento sistemático do salário real acima do crescimento da produtividade física do trabalho compromete as medidas monetárias de combate à inflação e a expansão econômica. Economistas como Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, e Luiz Gonzaga Belluzzo, da Unicamp, reforçam a tese, incluindo também o salário mínimo entre as preocupações, ainda mais considerando ser ele o indexador de benefícios previdenciários, seguro desemprego, abono salarial, entre outros.
O ranking do Fórum Econômico Mundial, que mede a capacidade de as economias atingirem crescimento sustentado e prosperidade, vem mostrando um recuo do Brasil nos últimos anos. Este recuo refere-se a aspectos importantes ligados a fraquezas estruturais, como regime tributário, ensino de baixa qualidade, mercado de trabalho rígido e credibilidade das instituições. Nessa última questão, entre 144 países avaliados ficamos na 121ª posição nos itens “Confiança nos Políticos” e “Desvio de Recursos Públicos”, na 135ª em “Desperdício nos Gastos Públicos” e na última posição em “Excesso de Regulamentação”.
Para aumentarmos a produtividade é fundamental que haja a diminuição dos gastos públicos e o aumento dos investimentos no país. O Brasil é um país rico e com enorme potencial. A correção de rumo que precisamos depende de mobilização da sociedade ou de vontade política. Foi vontade política que recentemente permitiu aprovar a Lei dos Portos e a FUNPRESP – Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal. Não há necessidade de dizer que o problema está lá fora.
*Carlos Rodolfo Schneider é empresário em Joinville (SC) e coordenador do Movimento Brasil Eficiente (MBE)
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Via: economiasc.com.br