08 ago 2014

Energia comprada afetou reajuste, diz Celesc

Cleverson Siewert se reuniu com Câmara de Assuntos de Energia da Fiesc nesta sexta-feira. Foto: Fiesc/Divulgação

Cleverson Siewert se reuniu com Câmara de Assuntos de Energia da Fiesc nesta sexta-feira. Foto: Fiesc/Divulgação

Jessica Melo

Uma reunião da Câmara de Assuntos de Energia da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) discutiu na manhã desta sexta-feira, dia 8, as tarifas de energia para o setor industrial. Na quinta, dia 7, o valor médio da energia elétrica foi reajustado para 23,21%, conforme aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo o presidente da Celesc, Cleverson Siewert, desse percentual, 13,95% são apenas para uma os custos da energia comprada.

Segundo Otmar Josef Müller, presidente da câmara da Fies, o mix de energia comprada da Celesc é um dos mais caros do país. “Nós de Santa Catarina junto com o Fórum Industrial Sul temos que nos mobilizar para a revisão das cotas da energia barata”, disse Otmar Müller. A Celesc recebe apenas 0,5%, quando, segundo ele, tem direito a 4,6%.

“Numa fatura de R$100 apenas R$17 estão ficando com a Celesc, R$49 estão indo para pagar os geradores, R$5 estão passados a transmissores, R$6 como encargos e R$23 vão ao governo como tributos”, disse Vânio Moritz Luz, gerente de regulação econômica da Celesc.

A parcela B da Celesc – gerenciável pela empresa, que pode ser usada para investimentos, por exemplo – representou apenas 1,23% do aumento. Na parcela A da Celesc, que, de acordo com Siewert, não é gerenciável, os encargos setoriais – arrecadados pelo governo federal, para ONS, Proinfa, entre outros – tiveram variação de 10,30% em 2014. Já os custos de transmissão aumentaram 36,20% e o custo da energia teve um reajuste de 22,70%. Em 2013, a variação do custo da energia já havia sido elevada, de 18,70%.

Siewert destacou que a remuneração do capital no setor elétrico vem diminuindo ao longo dos ciclos tarifários. A Celesc possui ciclos de 4 anos e está no mesmo ciclo de 2012, com remuneração de 7,5%. O proposto para Aneel para o próximo ciclo é de 7,16%.

Reajustes

A Celesc reajustou o preço da energia em 23,21%. A RGE teve reajuste de 21,8%; a AES Sul, de 16,4%; Cemig, de 16,3%; CPFL, de 17,2%; Celpa, de 35%; Copel, de 24,9% e Escelsa variou 23,6%.

Histórico

Segundo Müller, o custo da energia já é tema antigo, mas nos últimos anos vem sendo mais debatido devido à necessidade de avanços na produtividade brasileira, que depende também dos custos de energia.

Antes do aumento, um estudo da Firjan/CNI demonstra que, entre 27 países pesquisados, o Brasil possui a 4ª maior tarifa média do mundo. “Motivado então por isso houve um movimento do governo federal cuja meta era obter uma redução. A MP 579, de 2012, visava reduzir os encargos e antecipar as renovações de concessões em troca de tarifas mais baixas”, destaca.

Em fevereiro de 2013, houve redução das tarifas em 16% em média. A partir de maio a dezembro; houve novos reajustes tarifários. Em 2014, com poucas chuvas, houve uso intensivo das térmicas e mais reajustes, além de empréstimos para financiar déficits das distribuidoras.“O que assusta é que nesses últimos 18 meses nós estamos tendo uma evolução de 35% do custo de energia para o cliente industrial da classe A4”, acredita Otmar. “Para o ano de 2015, teremos a aplicação das bandeiras tarifárias, isso é algo que deveríamos ter tido neste ano”. Müller alertou também que no ano que vem continuará o uso intensivo das térmicas a gás natural e óleo e começará a amortização dos empréstimos.

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Via: economiasc.com.br