Richard Rytenband
Não há motivo de qualquer surpresa, pelo contrário o cenário de estagflação (economia estagnada combinada com inflação elevada) era uma consequência mais do que esperada, com o avanço do intervencionismo estatal.
No caso brasileiro tivemos intervenções nos preços administrados, como energia e gasolina, a utilização de bancos públicos para baratear o crédito, aumento dos gastos do governo, enfim uma série de medidas de planejamento central que apenas produziram desequilíbrios nas contas públicas e externas, aumento da inflação, problemas no setor elétrico (com risco de apagão para os próximos meses) e deterioração da situação financeira da Petrobras.
Qualquer intervenção estatal apenas prejudica os mecanismos de mercado, ao passo que apenas um pequeno grupo é favorecido por aquela ação. Ao contrário de uma situação de livre mercado em que são os indivíduos que de forma voluntária elegem quais bens e serviços satisfazem suas necessidades, numa situação intervencionista cabe ao Estado a função de escolher pelos indivíduos. Apesar de num primeiro momento as medidas produzirem efeitos positivos no curtíssimo prazo, com o tempo as distorções entre o planejamento estatal e as reais intenções dos indivíduos vem à tona e com ela os prejuízos as economias, exceto para setores/empresas que foram eleitos para receber os gastos estatais, ou mesmo qualquer forma de proteção ou subsidio.
A parte mais interessante é que as falhas da intervenção estatal, ao contrário do que se imagina geram mais demanda por novas intervenções, na medida que a culpa pelos fracassos é atribuída ao setor privado. Desta forma novas intervenções são feitas para corrigir as falhas (que na verdade são fruto de intervenções anteriores) e o ciclo de expansão estatal prossegue. Quando as distorções pelas intervenções se tornam muito graves, este ciclo pode regredir com a adoção de reformas liberais, porém há casos em que a consequência é a ascensão de um regime totalitário, como temos visto na Venezuela.
Na atual situação os economistas além de rever suas projeções para o PIB, devem aumentar o coro pela redução imediata do papel do Estado na economia, deixando que os mecanismos de mercado se encarreguem de regula-la, ou em outras palavras que a decisão do que deva ser produzido e consumido seja dos consumidores, e não de um grupo de pessoas que julgam estar capacitadas a conhecer todas as preferências e desejos da sociedade.
* Richard Rytenband é economista pela PUC-SP e tem MBA em Gestão Financeira com ênfase em Investimentos e Mercado de Capitais pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). É também palestrante e Professor de Economia e Finanças.
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Via: economiasc.com.br