Feirões de renegociação de dívidas e recebimento do 13º por aposentados e pensionistas contribuíram para o menor aumento desde janeiro. Foto: Divulgação
No mês de setembro, o número de consumidores brasileiros com dívidas em atraso desacelerou: o indicador, que em agosto subira 5,09% na base anual, agora registra um aumento menos intenso de 3,84% em relação a setembro do ano passado.
Este é o menor avanço apurado desde o início de 2014, de acordo com o indicador mensal de inadimplência do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
Ainda assim, ponderam os economistas, a alta foi mais forte do que a registrada em setembro de 2013, quando o crescimento foi de 2,89%. As duas entidades também estimam que ao final de setembro havia aproximadamente 54 milhões de CPFs de adultos registrados em serviços de proteção ao crédito de todo o país.
O recuo da inadimplência na base anual também teve reflexos na base mensal: o número de consumidores com dívidas em atraso caiu 1,14% entre setembro e agosto deste ano. Esta queda mensal, de acordo os dados do SPC Brasil, representa a retração mais intensa para os meses de setembro desde o início da série histórica.
Para os economistas do SPC, a queda da inadimplência no mês de setembro provavelmente está relacionada à realização de feirões de renegociação de dívidas, que ocorrem tradicionalmente neste período, e ao pagamento do 13º salário a aposentados e pensionistas, que é feito entre o final de agosto e o início de setembro.
“Esses fatores em conjunto podem ter ajudado os consumidores a regularizarem seus compromissos para chegarem às festas de final de ano livres de compromissos pendentes”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. Em anos anteriores, o comportamento dos índices de inadimplência também mostrou desaceleração a partir do final do terceiro trimestre. Desta forma, segundo a economista, o padrão indica que existem grandes chances de haver novas desacelerações nos próximos meses.
Por conta do aumento do número de regularização de pendências, a quantidade de dívidas em atraso registradas na base do SPC Brasil em setembro registrou queda de 1,16% em relação a agosto. Esta é a primeira retração mensal da quantidade de dívidas em atraso desde dezembro de 2013.
Na base de comparação anual — setembro de 2014 ante setembro de 2013 –, houve aumento de 5,07% no número de dívidas registradas. “Esse crescimento [de 5,07%] representa uma desaceleração, quando comparado à alta de 6,13% registrada em agosto. Essa variação é ainda a segunda menor para os meses de setembro desde o início da série, ficando atrás apenas do resultado de 2013, quando a alta anual do número de dívidas foi de 1,79%”, afirma Kawauti.
Na base anual, a alta mais expressiva (12,48%) ocorreu entre os devedores de 85 e 94 anos. “Repetindo o padrão observado nos últimos meses, o número de inadimplentes cresceu de forma mais intensa nas faixas etárias mais avançadas. E, de maneira geral, as taxas de crescimento da inadimplência foram menores do que as registradas em agosto”, disse Kawauti.
A abertura do indicador de inadimplência do SPC Brasil por setor credor da economia brasileira mostra que, em setembro de 2014, as dívidas relativas a todos os segmentos apresentaram alta na comparação com setembro de 2013.
O setor de água e luz apresentou a maior variação positiva, com um aumento de 13,85% no número de pendências, seguido por comunicação, cuja alta foi de 10,68%. Ambas as variações, entretanto, foram menores do que as apresentadas em agosto. No mês anterior, as dívidas desses segmentos apresentaram alta anual de 16,98% e 11,38%, respectivamente.
Apesar da grande variação anual, o setor de água e luz apresentou uma pequena contribuição para o resultado total. “Isso se dá pela pequena participação desse segmento junto ao total de dívidas: empresas concessionárias de água e luz representam apenas 6,83% do total de setores”, explica Kawauti.
De acordo com a economista, as pendências ligadas aos bancos, que ao longo deste ano tem sido o principal destaque em termos de contribuição, foram responsáveis pela segunda maior contribuição para a alta total, com 1,27 pontos percentuais. “Existem incentivos que fazem com que as pessoas procurem os bancos para regularizarem seus débitos, já que os juros bancários são bem mais caros dos que os cobrados por outros segmentos”, disse a economista.
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Via: economiasc.com.br