Fonte: Folha On-line
Enquanto as lojas físicas dão a oportunidade de os consumidores fazerem compras também pela internet, as virtuais estão fazendo o caminho inverso: elas agora querem aparecer no mundo off-line.
A loja on-line de vestuário Olook tem uma Kombi dos anos 50 circulando por São Paulo carregada de sapatos, bijuterias e roupas. A empresa investiu R$ 100 mil no veículo, incluindo compra e reforma.
Os produtos não são entregues na hora — funcionários da empresa apenas ajudam os clientes a comprar pelo site da empresa.
“As pessoas ainda têm um receio de comprar na internet, por não saberem como funciona em caso de devolução. É importante que as pessoas possam ver os produtos”, afirma André Beisert, 33, fundador da Olook
Dados divulgados na semana passada pela consultoria E-bit indicaram que o segmento de moda foi responsável por 13,7% das vendas do varejo digital, sendo a categoria com maior volume de pedidos.
Mas as vendas crescem especialmente nos itens em que os tamanhos são mais padronizados, como sapatos e bijuterias.
A Olook também vende suas roupas em algumas lojas multimarcas. Para o futuro, também espera abrir um showroom fixo, no escritório da companhia. Segundo Beisert, atualmente as vendas fora da internet representam menos de 5% do total.
Integração
Criar interações da marca com os clientes fora da internet é uma tendência mundial, diz Pedro Waengertner, professor da ESPM. Segundo ele, isso faz com que as empresas sejam mais lembradas pelos consumidores.
“As pessoas não diferenciam on-line de off-line. Elas raciocinam em termos de relacionamento com determinada marca”, diz.
Outra vantagem mencionada por especialistas é a possibilidade de o cliente experimentar os produtos que pretende comprar e ter com quem conversar sobre eles.
“Muitas pessoas gostam de ir até o showroom para conversar, levar amigos ou o companheiro para comprar junto”, afirma Érika Kitabayashi, 28, gerente de marketing da Oppa, e-commerce de móveis e itens de decoração.
A empresa inaugurou neste ano dois showrooms, um em São Paulo e outro em Campinas (SP).
Como, em geral, os produtos não são entregues na hora, o custo de manter um espaço desses é menor do que o de uma loja.
Isso porque há menos demanda de estoque e, portanto, menos custos fixos, como aluguel.
Segundo Alexandre Suguimoto, presidente da Apadi (Associação Paulista de Agências Digitais), a criação de um espaço físico de interação com o cliente também tende a aumentar a confiança em relação à empresa.
Roberta Oliveira, 30, sócia e diretora de marketing do Hotel Urbano, que vende viagens e nasceu primeiro na internet, concorda. Ela diz que a média gasta por compra nas lojas físicas é maior.
“Algumas pessoas precisam sentir mais segurança na hora de fazer uma compra maior e, por isso, o tíquete médio é maior.”
Com duas lojas no Rio de Janeiro, a marca tem como plano abrir pelo menos uma loja física em cada capital, diz Oliveira.
Nelas, os consumidores são ensinados a comprar pela internet, canal que deve continuar a ser responsável pela maior parte das vendas da empresa.
O Hotel Urbano informa que investiu cerca de R$ 1 milhão em cada unidade. Oliveira diz que elas são lucrativas, mas não divulga qual é a participação delas no faturamento da companhia.