Três perguntas básicas para dois especialistas explicarem erros, acertos e os caminhos para explorar o e-mail marketing, a produção de conteúdo e as redes sociais
O mercado online tem crescido substancialmente. A busca no Google pelo termo marketing digital aumentou 62% durante 2020, comparando com 2019. Pesquisa da Deloitte no ano passado registra que 70% dos empresários afirmam valorizar soluções digitais que aumentam a conexão entre as marcas e os clientes. O problema é que muitas empresas não sabem como aproveitar o seu potencial de mercado para vender mais. No Brasil, 80% das empresas que já investiram em marketing digital assumem que estão em estágios iniciais e que não conseguem avançar e seus ganhos.
Para entender exatamente as dificuldades para quem está começando nesse ramo, conversamos com Caio Cunha, presidente da WSI Master Brasil, empresa de franquias de marketing digital, e com a sócia e diretora da Jahe Marketing, Satye Inatomi. Os dois especialistas responderam a três perguntas básicas para quem ainda pretende mergulhar no universo do e-mail marketing, produção de conteúdo e redes sociais. Confira!
Qual a principal dificuldade para quem está começando a aplicar o marketing digital?
Caio Cunha – É importante entender que não adianta as empresas fazerem propaganda de seus serviços e produtos se eles não são verdadeiramente apreciados pelo público. As pessoas navegam no mundo digital para ouvir as opiniões sobre as empresas que dizem poder atender às necessidades do cliente final. E se as opiniões não são positivas, claro, seus concorrentes estarão com a vantagem.
O grande valor do digital é que ele é totalmente mensurável e por isso você pode apliocar a estratégia, analisar os resultados, mudar e fazer de novo. Ou seja, o processo ideal tem que seguir os passos de analisar as necessidades, público-alvo, concorrência; elaborar um plano digital ideal; testar o plano; implantar e medir os resultados.
Muitas pessoas, que ainda não têm essa consciência, acabam entrando no digital sem uma análise bem estruturada, e acabam despendendo esforço e recursos excessivo em áreas que não atraem o público-alvo ideal.
Satye Inatomi – A principal dificuldade é não saber por onde começar. Existe uma imensidão de ferramentas, novas teorias, novos conceitos e, principalmente, tecnologias empregadas na área de marketing. É fundamental a empresa estar bem assessorada para que não dê um passo maior do que as pernas, investindo em tudo sem conseguir retorno de nada.
E para esse trabalho dar resultado é preciso compreender a necessidade de cada empresa. Muitas vezes o que se imagina ideal não é exatamente o melhor caminho para alcançar seus objetivos. Todos podem obter bons frutos do marketing digital, seja uma loja de rua, um e-commerce ou uma organizadora de eventos. O importante é que, mesmo em um momento de ansiedade, as empresas saibam que é possível até mesmo terceirizar ações de marketing para que sua companhia se concentre no que fazem de melhor.
Qual o erro mais comum para quem está iniciando seu marketing digital?
Caio Cunha – Muitas empresas entram no digital sem uma análise mais minuciosa. Além disso, nós recomendamos sempre às empresas começarem um passo de cada vez. Se elas nunca estiveram no digital, que comecem a marcar presença, pois provavelmente muitos concorrentes deles já devem estar lá.
Existem soluções digitais que também levam mais tempo. Então recomendamos combiná-las com as de de resultado mais rápido. Mas também, como gosto de dizer, não existe almoço grátis. Não adianta investir muito para criar um site espetacular e não investir para atrair seu público-alvo ou para gerar conteúdo de qualidades.
Isso é deixar sua plataforma navegando no limbo. Quando um trabalho no digital é permanente e bem feito ele traz retornos que podem chegar a 85%, 90% da receita gerada.. Chamo isso deixar ele navegando em limbo. Então digital é recorrente e quando bem feito e duradouro trás retornos que podem chegar a 85%, 90% da receita gerada.
Satye Inatomi – Em nossa experiência, temos visto empresas que são mal assessoradas. Elas acabam investindo, por exemplo, em softwares de CRM e automação de marketing, e não conseguem os resultados esperados. Essas ferramentas podem ser uma grande ajuda, mas é necessário que você esteja preparado para usar. E para isso, você precisa de uma base de dados já organizada.
Outro erro comum é querer abraçar o mundo todo de uma só vez, ou imaginar que deve estar 100% atuante em todas as plataformas digitais. Muito provavelmente, seu negócio precisa de uma ou duas redes sociais, ou estratégias paralelas, mas lembre-se, não existe receita fixa, e cada caso é um caso.
Para estruturar bem um plano de marketing digital, é importante entender a rotina de consumo do seu cliente, seu comportamento na rede e como ele se relaciona e com sua marca por meio de todos os pontos de contato, seja através da loja, site, rede social, SAC, etc.
O que mudou com o cenário de pandemia?
Caio Cunha – Antes da pandemia muitas empresas montaram planos para aderir ao digital em um arco de tempo de cinco anos. Com a pandemia eles se viram obrigados a entrar de sola nesse projeto e, em poucos meses, já estavam gerando negócios. Eles também encontraram um mercado digital muito mais amplo e, por isso, podem buscar seu público sem ter que perder tempo com oportunidades “frias” como costumamos dizer.
Satye Inatomi -A pandemia escancarou a necessidade de mais serviços online e funcionou como um catalisador para mudanças que já estavam acontecendo. É fato que hoje até mesmo pequenos negócios de bairro têm presença na internet. O que vemos é que, ao mesmo tempo em que marketing digital se tornou fundamental, também tornou os investimentos nessa área bem limitados por conta da crise. Por isso, as ações precisam ser mais “cirúrgicas”, porque cada centavo deve ser muito bem empregado. Notamos neste período também um grande envolvimento das marcas em marketing humanizado, como forma de ter uma ligação emocional com o consumidor, além da relação de compra.
Por: Humberto Viana/ via CNDL