José Luiz Tejon Megido
Dia 8 de julho, uma bomba atômica explodiu o futebol brasileiro (um mês antes da memória das explosões nucleares de Hiroshima e Nagasaki). Não resisti e fiz um artigo a respeito da necessária reforma, de estrutura, modelos, lideranças e gestão da coisa. Mas, para o nosso comentário fica aqui a provocação.
O que podemos aprender com a tsunami alemã, dos 7×1, em cima da legião estrangeira de brasileiros da nossa Seleção, e um modelo de agregação e arrecadação de valores no exterior, e não no país, que tem ilações com o nosso agronegócio. Hoje o salvador da economia, da balança de pagamentos, ali, raspando o fio da navalha, o agronegócio. E totalmente dependente da soja, açúcar, carnes, café, algodão, suco de laranja, milho. E vamos estacionando por aí. E salvos por um mega cliente chinês, ávido para assegurar a sua segurança alimentar, transformando proteína vegetal em proteína animal para sua população.
A falta de estrutura, a falta de política agrícola, a falta de diálogo e de governança entre ministérios ligados ao setor, a luta de facções egocêntricas, tanto de governo quanto da iniciativa privada, o distanciamento da indústria e do comércio, como elos sagrados do agribusiness, propiciando cada vez mais a venda dos jogadores, a matéria-prima e não do espetáculo, os produtos transformados com marcas gerando fãs e receitas industriais, de comércio e de serviços.
Na primeira oscilação de preços das commodities, e basta a soja apontar para um crescimento da área norte-americana, e seus preços diminuírem levemente, parcelas consideráveis de produtores rurais brasileiros entrarão no prejuízo, pois não mais do que 1/3 atua e opera em estágios elevados de gestão, custo, produtividade e conexões econômicas e financeiras superiores (vide o baque concreto dos cafeicultores em 2013/2014).
Os 7×1 podem ser um suave aviso dos deuses amigos, sobre o que o campo do futebol pode nos alertar para todos os demais campos, da gestão, da política, da liderança, do agronegócio e de todos os grandes setores produtivos do país. Uma derrota no futebol dói, faz sofrer, mas passa. Uma igual a essa na gestão do Brasil, não só faz doer, ela mata, literalmente.
Clubes brasileiros falidos, CBF rica, e meia dúzia de jogadores pop stars com seus amigos, famílias, clubes e casas globalizados e nos paraísos europeus, formando uma legião estrangeira de brasileiros, não significam mais nada para o país. Da mesma forma, se não protegermos os 5 milhões de produtores do país, se não os integrarmos ao agronegócio da tecnologia, da gestão, das agroindústrias, dos serviços e comércio, e ao cooperativismo, não serão 1% deles que irão fazer verão, ou a produção salvadora da nação.
Que nos valham os 7×1 do futebol para um repensar do agronegócio, e de outros entornos da nação. Registrando ainda que a Alemanha, no agronegócio, é o terceiro maior exportador do planeta, acima do Brasil, e somente abaixo dos Estados Unidos e da Holanda. Ficamos com o 4º lugar no campeonato global do agribusiness. Vamos ver nesta Copa, talvez, também.
José Luiz Tejon Megido é Diretor Vice Presidente de Comunicação do Conselho Cientifico para a Agricultura Sustentável (CCAS), dirige o núcleo de agronegócio da ESPM e é comentarista da Rede Estadão-ESPN.
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Via: economiasc.com.br