*Carlos Rodolfo Schneider
Há vários anos o Brasil não consegue investir mais de 20% do PIB. Em 2013, foram 18,4%, contra 26,3% no Chile e 27,4% no Peru, por exemplo. Estudos do Movimento Brasil Eficiente (MBE) indicam que para crescer 5% ao ano o Brasil precisaria investir 25% do PIB. Para isso é necessário moderar o crescimento do consumo das famílias e do governo. Nos últimos cinco anos, os respectivos consumos subiram de 59% e 20% do PIB, para 63% e 22%, comprometendo a escassa poupança interna que no período caiu de 19% para 13,9%, menor taxa desde 2001, e da qual depende justamente o aumento da capacidade produtiva do país. Esta queda na poupança doméstica provoca uma maior necessidade de financiamento externo, que em 2013 chegou a 4,5% do PIB, gerando o maior déficit na atual série das contas nacionais, iniciada em 1995.
Só para termos uma ideia do que representa essa falta de investimento, estimativa da Empresa de Planejamento e Logística aponta a necessidade de R$ 100 bilhões por ano, quatro vezes mais do que a média anual dos últimos quatro anos, para a construção de portos, rodovias, ferrovias e aeroportos. Por outro lado, o aparente pleno emprego esconde um contingente de mais de 20 milhões de trabalhadores subempregados por falta de qualificação, agravada por uma legislação trabalhista arcaica.
Segundo o economista José A. Scheinkman, da Universidade de Princeton, a série de reformas que contribuíram para melhorar o ambiente de negócios no Brasil foi interrompida nos últimos anos, especialmente quando a busca da competitividade sistêmica foi substituída pelo apoio a empresas selecionadas para serem campeãs nacionais.
Temos uma situação fiscal pior que a dos demais países emergentes (dívida bruta/PIB de 66%, contra 44% do México, 43% da África do Sul, 21% da China e 10% da Rússia), carga tributária mais elevada e menor capacidade de investimento. Como afirmou o economista Paulo Rabello de Castro, fundador e coordenador do MBE, é necessário estancar o processo de extração de eficiência do setor privado para cobrir aumentos de gastos públicos. O excessivo crescimento dos gastos públicos e a sua baixa qualidade são provavelmente o empecilho maior para a recuperação da nossa produtividade, da competitividade e consequentemente da capacidade de crescimento.
*Carlos Rodolfo Schneider é empresário e coordenador do Movimento Brasil Eficiente (MBE)
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