Por Giovana Kindlein
O engenheiro Ricardo Saporiti volta a apresentar nesta quinta-feira, dia 24, uma análise sobre a falta de manutenção da BR-101, no trecho que vai de Paulo Lopes, em Santa Catarina, a Osório, no Rio Grande do Sul, para integrantes da Câmara de Assuntos de Transporte e Logística, na Fiesc (Federação das Indústrias de Santa Catarina).
Na sexta-feira, dia 18, o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, falou sobre o assunto ao portal EconomiaSC, alertando para os possíveis gargalos que a indústria enfrentará, caso as obras de infraestrutura sofram solução de continuidade na BR-101. Ele também analisou a situação da agroindústria em Santa Catarina.
Após a apresentação da situação atual da rodovia BR-101 aos diretores da Fiesc, o que o senhor considera mais importante destacar nesta análise? Quanto ao desempenho da produção de carnes de frangos e suínos, qual é o desafio que os catarinenses enfrentam hoje?
Nós apresentamos este estudo mostrando que os trechos já concluídos – alguns há cinco anos – não estão recebendo nenhuma conservação e nenhuma manutenção. Acontece que, senão cuidarmos disto, senão estivermos atentos à conservação, dobraremos o custo da obra. Hoje, o custo para manutenção e conservação equivale a um dólar por determinado trecho. Já o custo para a reparação é de dois dólares e meio. Isto é mais do que o dobro. Hoje estamos tendo muitos acidentes e o fluxo de veículos começa a ficar complicado em alguns trechos. Além disto, temos a questão da ponte de Tubarão que precisa ser equacionada urgentemente, senão a obra vai ser concluída e nós vamos ter um grande gargalo em Tubarão.
O segundo ponto discutido por nós foi o desempenho apresentado pelo presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Francisco Turra, sobre a situação atual da agroindústria. Nós, em Santa Catarina, temos uma agroindústria forte, mas precisamos fazer um grande esforço para assegurar a competitividade da nossa agroindústria. É um patrimônio de Santa Catarina. Temos a dificuldade dos insumos, que não temos aqui no Estado, vem de fora, e o transporte da produção do Oeste aos nossos portos e aos centros consumidores se faz por rodovia. É um custo muito elevado. Temos urgentemente que investir para assegurar a competitividade do setor agroindustrial.
A Fiesc acompanha a situação da BR-101 há muitos anos e as avaliações sobre as obras de infraestrutura são apresentadas periodicamente. Neste momento, o levantamento volta a repetir o resultado do último estudo. Isto quer dizer que a federação não está tendo retorno do Poder Público em relação aos seus pedidos?
O tempo do setor público é diferente do tempo do setor privado. Nós, desde 2009, que era o prazo de conclusão da duplicação, iniciamos os estudos que mostram o atraso e o custo da postergação dessas obras. Sempre percorremos o mesmo caminho, vamos ao DNIT, ao governo do Estado, aos deputados, ao Fórum Parlamentar e aos ministros. Já passamos por diversos ministros e, infelizmente, as medidas são sempre muito pontuais. Nós precisamos de medidas estruturais que, de fato, acelerem a conclusão da obra, que se tenha sinalização, que se tenha um recapeamento melhor, entre outras ações. Enfim, no caso da BR-101, nós precisamos de fato uma ação mais enérgica e rápida do governo federal. Nós não vamos descansar enquanto não sensibilizarmos, enquanto não tivermos as medidas do governo federal.
Em relação ao agronegócio, Santa Catarina recebeu o candidato à presidência da República [Aécio] no dia 17 e ele abordou a competitividade da empresa brasileira. Também conforme levantamento divulgado recentemente, o Paraná lidera a produção de carne de frango no Brasil e Santa Catarina fica com a segunda posição. É possível avançar?
A indústria catarinense tem sofrido muito esse problema da competitividade. Nós já fomos o primeiro colocado na produção de carne de frango, agora somos o segundo e a nossa diferença em relação ao Paraná está aumentando. O Paraná está crescendo num ritmo maior do que o nosso. Ele dispõe do insumo, ele tem milho, este é um ponto principal. Nós temos de encontrar uma solução para Santa Catarina, porque se não corremos o risco de perder os investimentos feitos aqui e de as indústrias se deslocarem para próximo dos centros fornecedores do insumo.
Tem também a questão da ferrovia, que é uma questão fundamental. Nós não podemos esperar até que o projeto fique pronto ou até a ferrovia ficar pronta. Nós temos que tomar medidas de curto prazo. O governo tem que agir no sentido de possibilitar a transferência dos insumos, tem que haver uma política de barateamento desses insumos e nós temos, aqui no Estado, que ampliar a rodovia que transporte o produto do Oeste para os portos e para os centros consumidores.
Quais outras medidas estão sendo pensadas pela federação, já que a construção da ferrovia é um fator que depende basicamente do poder público?
O setor privado continua fazendo investimentos e acreditando em Santa Catarina. Nós estamos abrindo novos mercados. Fomos ao Japão, abrimos. Agora vamos ao México e estamos negociando com a Rússia. O setor privado faz a sua parte e seu produto é de boa qualidade. Nós temos preços competitivos. Nós precisamos é de melhores condições isonômicas com os demais Estados para assegurar e ampliar nossa presença, tanto no mercado interno quanto no mercado externo.
E quanto aos insumos?
Nós não temos grandes áreas de terra para garantirmos o insumo suficiente em Santa Catarina. Portanto, vamos continuar importando de outros Estados. O que nós precisamos é de investimentos em silos, de um sistema de transporte mais eficiente. Nisto o setor privado faz a sua parte. O que ele espera é também, por parte do governo, uma política de apoio a essas medidas que facilitariam e contribuiriam para a produção no Estado.
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Via: economiasc.com.br