05 jan 2017

RECUPERAÇÃO JUDICIAL É UM BICHO DE SETE CABEÇAS?

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Para consultor especialista no assunto, o recurso carrega um estigma no Brasil que precisa ser repensado – para o bem das próprias empresas.

Enquanto nos Estados Unidos a recuperação judicial é vista como um instrumento saudável para a atividade econômica, no Brasil, na maioria das vezes, causa apreensão e um juízo de valor negativo para quem precisa recorrer ao recurso. Por mais qualificados que sejam os empresários e seus gestores, a economia brasileira, especialmente nos últimos dois anos, tem sido imprevisível e instável, tornando o cenário desfavorável.

O advogado Artur Lopes, consultor especializado em gestão de crise, recuperação e ampliação de negócios, aponta que o empresário brasileiro pode e tem o dever de lutar com todas as armas para preservar seu negócio e os empregos que gera. Lopes revela que, ao contrário de hoje, a antiga Lei da Concordata só previa raras alternativas possíveis para lidar com o passivo das empresas. Como não produzia resultados efetivos, deixou um estigma que permanece na mentalidade do empresariado brasileiro: que a recuperação judicial é sempre algo “difícil”.

No entanto, atualmente, a nova lei institui uma série de mecanismos que possibilitam a reestruturação da organização. São recursos que, colocados em prática, permitem a salvação da empresa e até mesmo a revitalização e expansão dos negócios. “Não existem fórmulas exatas para vencer as dificuldades, porque a realidade de cada empresa é única. Mas existem metodologias aplicáveis e um know-how adaptável sempre. O importante é que o empresário busque ajuda assim que perceber que os negócios não estão indo bem: não se deve deixar para o último instante. Quanto mais demorar o combate à doença, menores serão as chances de cura”, ressalta.

Quando se trata do gerenciamento da crise nas organizações, o especialista é enfático: “Se a recuperação judicial não for acompanhada de uma profunda modificação na estrutura corporativa, de um redesenho dos negócios, de um jeito diferente de tocar a companhia, o que vai se ganhar apenas, em alguns casos, será mais prazo. Não existe um `bicho de sete cabeças’. Mas sim, um arsenal de medidas que, se tomadas no timing certo, serão a salvação da empresa”.

Fonte: portal Varejista.