O Banco Central trouxe uma importante constatação em seu Relatório Trimestral de Inflação, divulgado dia 26 de junho: a de que a espiral salários-inflação atingiu níveis preocupantes na economia brasileira. Em função da ausência de ganhos de produtividade e do continuado processo de fortes reajustes salariais nas negociações coletivas – baseados sempre na inflação pretérita e não na expectativa de inflação futura, como bem destacou o documento do BC -, os aumentos salariais dos últimos anos vêm se revertendo em aumento da inflação.
O setor de serviços é expressão disso, já que tem quase que a totalidade de seus custos ancorados nos salários e vem registrando inflação constante na casa dos 9%, muito acima da média inflacionária do país. Com isso, ganhos mais contidos nas negociações salariais são extremamente necessários para ajustar a inflação atual para uma trajetória mais favorável à manutenção do poder de compra dos trabalhadores, garantindo a ampliação do mercado consumidor e a recuperação do dinamismo econômico nacional.
Citando as conclusões do Comitê de Política Monetária (Copom), o relatório do Banco Central reafirmou que a dinâmica salarial continua originando pressões inflacionárias de custos, ponderando que, no horizonte relevante, “antecipam-se desenvolvimentos que tendem a contribuir para o arrefecimento dos riscos originados no mercado de trabalho”. De acordo com o documento, esses fatores seriam reajustes menores do salário mínimo e dos salários do funcionalismo público.