Um indicador do governo federal que passou a ser divulgado recentemente mostra que o país registrou R$ 23,9 bilhões de vendas com notas fiscais eletrônicas em junho. É a segunda vez que os dados são apresentados pela Receita Federal — não há série histórica. Os números refletem principalmente as vendas entre as empresas de médio e grande porte. Está incluído também o ecommerce – as vendas não presenciais de empresas para pessoas físicas.
De acordo com a Receita, houve um crescimento de 15,6% na comparação com maio e 10,3% em relação a um ano antes. Os dados apontam para uma reação da economia após os efeitos causados pela pandemia do coronavírus. O indicador em junho mostra aumento na comparação com 2019 e, segundo o Fisco, tanto em quantidades como em valores há tendência crescente em todas as regiões após as quedas de vendas em abril e em maio.
A quantidade de notas fiscais eletrônicas subiu gradualmente após o choque da Covid-19 e é maior que no início do ano. As vendas semanais também apontam para uma recuperação gradual, na visão da Receita. Após o pico de R$ 180 bilhões na última semana de maio, as semanas de junho mostraram vendas superiores a R$ 150 bilhões. A última semana de junho registrou vendas de R$ 177 bilhões.
De acordo com o Fisco, todas as regiões brasileiras mostraram recuperação no ritmo de vendas, tanto em valor como em quantidades de notas emitidas. Os dados de comércio eletrônico, especificamente, mostram crescimento. Com as restrições de movimentação, as vendas pela internet têm ganhado impulso desde março.
Junho teve R$ 670 milhões em vendas eletrônicas e obteve o melhor desempenho entre os meses de 2020. Foi, também, superior ao mês de junho de 2019. Em relação ao mesmo mês de 2019, a média diária de vendas eletrônicas apuradas com nota fiscal eletrônica em 2020 cresceu 20% em março, 17% em abril, 37% em maio e 73% em junho.
O auditor Aloisio Flávio Ferreira de Almeida, assessor especial da Receita Federal, afirma que os dados sinalizam melhora da atividade. “Precisamos entender que pelo menos grandes empresas, compras públicas e comércio eletrônico estão tendo um comportamento positivo. Em grande parte o movimento da economia é captado [no indicador]”, disse.
Ele lembra que os dados do comércio presencial não estão presentes nos números. “Mas a tendência pareceu bem franca, no sentido que tem uma melhora em maio e uma melhora ainda maior em junho”, afirma.
A divulgação do indicador de notas eletrônicas é uma novidade da Receita Federal. A primeira publicação do boletim foi feita um mês atrás, em junho. “Tem uma força porque são dados que estão ocorrendo na economia. Começamos a editar ele há pouco tempo, e agora surgiu a ideia de fazer uma abordagem dessa forma, e torná-los públicos”, disse.
O economista José Roberto Afonso diz que o indicador é limitado porque a Receita não tem acesso aos dados do comércio como um todo e pelo fato de os números serem apenas uma parte da arrecadação federal. Além disso, diz Afonso, o dado é impulsionado pelas vendas eletrônicas, que têm forte impulso neste momento de pandemia. “Como todos sabemos, depois do Covid, no Brasil e em todo mundo, o comércio eletrônico disparou”, afirma.
Fonte: New Trade